25.9.04

meus braços moles e... qual susto? era medo, medo puro, desses que te fazem esquecer o mundo, tapar os ouvidos e gritar surdamente tomado de ainda um outro medo não sei qual ainda mais forte. e a raiva.
uma fresta de porta e gritos, gritos.
eu tentando rezar, com todas as forças "deusinho, me ajuda por favor". e nada de deus; e o maldito não vinha.
nem mesmo o diabo estaria ali naquela hora. na hora ruim todos tiram o corpo fora, e a alma.
talvez eu tenha perdido a minha.
odeio homens, odeio mulheres e não acredito em deus.
meus olhos que transpareciam o desespero, guardam agora a capacidade da esquiva.

18.9.04

um cansaço abatido já e o vazio iminente que me deu sono, sono, muito sono e perda de apetite, misturado com a preguiça de lavar os pratos e falta de coragem de pôr tudo em ordem , me fez sair para a rua por volta das 18 horas da tarde.
e entrei na lancheria luz do mercado público.
- ei, ôôô. ê-rrê trapo!
e eu reconheci as vozes, olhei pra trás e estavam os quatro sentadinhos quase comportados ali numa mesa. me enfiaram os xis que comiam na cara.
- olha só! mas eu já comi, tira isso pra lá.
- vai comer aqui.
- ah, eu vou pedir uma coisa.
e tomei refrigerante, um guraná.
- tu vai nos pagar um refri outro aqui guria.
- mas uma pinóia! outra vez te paguei um lanche aqui nesse mesmo lugar.
- hahaha, é verdade.
- é, o bruno tava falando agora há pouco. olha ali ó (e apontavam todos para a parede), é o festival do pastel! pega mais uns pastel aí pra nós.
e juntavam um canudo no outro pra fazer um canudão sob os olhos atentos e desconfiadíssimos do garçon.
no fim eu fiquei pro meu pedido e eles se foram.
- tchau guria.
eu só acenei.
- ô guria, VAI ESTUDAR!
e o dia se tornou uma maravilha.

5.9.04

e nem lembro direito como eu fui parar lá, mas como se tivesse sido um sonho, depois que eu durmi, ou melhor, depois que acordei nada mais estava ali. ou estava, mas com aquela luz toda ficava impossível.
segredo nosso, secreto e com chaves.
depois da etérea embriaguez de cerveja, a mão que não era a dele me chamando pela janela "luciana, vamos a bailar! vem, vem!" ou coisa parecida (e numa dessas que eu fui bailar, já não voltei mais pra rua, me deixando ficar, solta no banco). eu sei só que tinha bailar, porque espanhol rápido é uma língua enrolada e meus neurônios dispersos... mas aí que eu fiquei "carinhosa demais, tu não é assim." e queria saber o que eu tinha.
nos entendemos por encanto, numa brincadeira perigosíssima e proibida. é fogo, fogo, fogo!
e ainda quero mais... "meu deus, o que a gente tá fazendo?!" escondidos.
e já eram outros fluidos se misturando além da festa...
enquanto que eu já torta pra um lado com os olhinhos virados, virados, perdidos pra cima ou sei lá pra onde, no ombro quem sabe.
perdidos mesmo estávamos os dois um do lado do outro, e isso que tivemos anos, mas não seria tão interessante...
agora com a comunicação quebrada, vou ter que dar um jeito. estudar e tal e o nosso segredo, bem guardado, porque é bom. quem sabe depois, daqui mais um pouco...

música de fundo: smashing pumpkins (que faz muito sentido agora. pra falar a verdade, é a única música capaz de fazer algum sentido numa hora desgraçada como essa.)