25.9.04

meus braços moles e... qual susto? era medo, medo puro, desses que te fazem esquecer o mundo, tapar os ouvidos e gritar surdamente tomado de ainda um outro medo não sei qual ainda mais forte. e a raiva.
uma fresta de porta e gritos, gritos.
eu tentando rezar, com todas as forças "deusinho, me ajuda por favor". e nada de deus; e o maldito não vinha.
nem mesmo o diabo estaria ali naquela hora. na hora ruim todos tiram o corpo fora, e a alma.
talvez eu tenha perdido a minha.
odeio homens, odeio mulheres e não acredito em deus.
meus olhos que transpareciam o desespero, guardam agora a capacidade da esquiva.

18.9.04

um cansaço abatido já e o vazio iminente que me deu sono, sono, muito sono e perda de apetite, misturado com a preguiça de lavar os pratos e falta de coragem de pôr tudo em ordem , me fez sair para a rua por volta das 18 horas da tarde.
e entrei na lancheria luz do mercado público.
- ei, ôôô. ê-rrê trapo!
e eu reconheci as vozes, olhei pra trás e estavam os quatro sentadinhos quase comportados ali numa mesa. me enfiaram os xis que comiam na cara.
- olha só! mas eu já comi, tira isso pra lá.
- vai comer aqui.
- ah, eu vou pedir uma coisa.
e tomei refrigerante, um guraná.
- tu vai nos pagar um refri outro aqui guria.
- mas uma pinóia! outra vez te paguei um lanche aqui nesse mesmo lugar.
- hahaha, é verdade.
- é, o bruno tava falando agora há pouco. olha ali ó (e apontavam todos para a parede), é o festival do pastel! pega mais uns pastel aí pra nós.
e juntavam um canudo no outro pra fazer um canudão sob os olhos atentos e desconfiadíssimos do garçon.
no fim eu fiquei pro meu pedido e eles se foram.
- tchau guria.
eu só acenei.
- ô guria, VAI ESTUDAR!
e o dia se tornou uma maravilha.

5.9.04

e nem lembro direito como eu fui parar lá, mas como se tivesse sido um sonho, depois que eu durmi, ou melhor, depois que acordei nada mais estava ali. ou estava, mas com aquela luz toda ficava impossível.
segredo nosso, secreto e com chaves.
depois da etérea embriaguez de cerveja, a mão que não era a dele me chamando pela janela "luciana, vamos a bailar! vem, vem!" ou coisa parecida (e numa dessas que eu fui bailar, já não voltei mais pra rua, me deixando ficar, solta no banco). eu sei só que tinha bailar, porque espanhol rápido é uma língua enrolada e meus neurônios dispersos... mas aí que eu fiquei "carinhosa demais, tu não é assim." e queria saber o que eu tinha.
nos entendemos por encanto, numa brincadeira perigosíssima e proibida. é fogo, fogo, fogo!
e ainda quero mais... "meu deus, o que a gente tá fazendo?!" escondidos.
e já eram outros fluidos se misturando além da festa...
enquanto que eu já torta pra um lado com os olhinhos virados, virados, perdidos pra cima ou sei lá pra onde, no ombro quem sabe.
perdidos mesmo estávamos os dois um do lado do outro, e isso que tivemos anos, mas não seria tão interessante...
agora com a comunicação quebrada, vou ter que dar um jeito. estudar e tal e o nosso segredo, bem guardado, porque é bom. quem sabe depois, daqui mais um pouco...

música de fundo: smashing pumpkins (que faz muito sentido agora. pra falar a verdade, é a única música capaz de fazer algum sentido numa hora desgraçada como essa.)

28.8.04

coisa que me deu um nó na garganta agora: 9 letras, schneider escrito em letras garrafais vermelhas num muro branco.
o supermercado e o caminho vazio áquela hora da tarde; os passarinhos, que dava para ouví-los cantar, escondidos atrás das àrvores que eu não me lembro.
e era quente, sem muito vento. morninho, como num filme americano desses de estrada descongestionada, mas não aqueles que se passam no texas, não, tinha muito verde.
a ida, a volta. e o incrível foi que ação banal como essa para aquela semana, quando eu devo ter feito aquele mesmo caminho pelo menos umas 4 vezes no banco de trás do carro, essa foi a que mais se destacou.
apesar da minha eterna curiosidade de saber o que havia lá embaixo do precipício e o porquê de todas aquelas cruzes no meio do caminho, as nuvens rosas, outras brancas, passando...
era campo só, tudo campo, para todos os lados e umas árvores, uns pinheiros, eucalíptos, não sei. e que alguém me desminta se por acaso eu estiver mentindo, inocentemente, bem de acordo com o tempo e o meu cabelo curto liso, liso arrepiado.
quando o carro parou e a gente desceu, e que eu me lembre só estávamos nós 2 num dia de bem, num dia feliz acho que pelo ar bucólico mesmo, a estrada era toda anil, se confundindo com o céu e era perfeito. os bicoitos stoffel, o café. a loja stoffel no meio da estrada que eu preciso encontrar hoje, num mesmo horário.
anos depois vi num livro de inglês uma foto com uma cor igual.
a bolachinha amanteigada com uma coisa branca por cima que eu nunca descobri o que era e que alguns tentavam me enganar dizendo que era merengue. mas não era.
e na hora de deixar a stoffel eu senti uma angústia, bem aquela minha angustiazinha infantil de quem está deixando o brinquedo preferido. é que dali mais um pouco eu sabia que o dia ia escurecer e virar noite e que de dentro carro, que não era conversível, não era mesma coisa que fora dele.
não sei se era deus as nuvens rosas e o anil do mundo ali em frente, mas já escreveu graciliano ramos: luciana é a guria que sabe onde habita o diabo. então talvez fossem os dois, e numa análise mais introspectiva e fechada, não eram mesmo?

música de fundo: o cirion tocando teclado aqui pelo msn.

22.8.04

não sei o que acontece depois de guitarras elétricas, mas quero mesmo muito saber.
depois de anos, da maturação das frutas, extremamente doces agora. e pelo menos para isso o tempo serviu.
um o lambuzo da outra.
e pecado meu no mais, é ilegal, manu chao e tudo o mais que enrolar a língua bem enrolada que ele entende muito bem.
e cinco minutos, eu não ouvi nada ainda. cinco minutos que eu ainda preciso programar, mas tudo tão artístico... porém, o conteúdo me é muito interessante e até familiar.
familiar entre aspas, assim assim.
mas eu disse programar? que programar que nada! vai sair tudo dali do lado esquerdo em mão direita, de um ar alegre e embriagado de falta de ar.
por enquanto, tudo num fim de semana que eu inventei, ou que fui levada a inventar, e como minha cabeça flutua, não foi difícil, muito pelo contrário, foi até fácil demais. e é justamente essa facilidade que me incomoda... facilidade essa que eu não tenho com matemática. e foi por muito mais do que apenas para resolver equações logarítimicas que eu fui atrás dele. mas foi tudo invenção.
de qualquer forma, prometo que se o telefone tocar vai deixar, no mesmo instante, de ser.

música de fundo: cumbias

21.8.04

no dia 18 de agosto, 18 anos.
num dia lindo, inédito e vazio. mais vazio do que tudo.
no mês do cachorro louco, a cadela não se deu conta ainda. ainda?
o dia mais importante, o melhor dia, o dia par com números iguais. e o nada sendo carregado junto com o resto pela chuva.
e o que adianta esse 8 no lugar do 7? só pra uma coisa: eu saber que agora ninguém mais "tem responsabilidade" por mim, definitivamente, e que eu preciso arrumar um trabalho e ir embora daqui. sair, deixar, para qualquer outro lugar pequeno, para qualquer outro cubículo onde caiba o meu quarto.
e entre uns parabéns esquecidos "a mãe esqueceu de te dar um beijo hoje de manhã" (e antes tivesse nunca se lembrado), outros bem apagados e ainda uns de quem não sabe o que dizer.
como sempre, nenhum presente. tudo para depois, depois, depois... e um bolo simples, pequeno, sem nenhuma vela, na minha frente. e na minha cabeça um chapeuzinho desses de aniversário de criança. em volta, tudo escuro. tudo no seu devido lugar: no campo das idéias concretíssimas.
conversa para crentes, religiosos, lorotas no mais. esse não é o mês do cachorro louco, é o meu mês.
e eu gosto dele porque ele é 8.
porém, não gosto do resto, que é detestável. não gosto e abomino as idéias de comemorar não sei o quê nem de qual jeito. deixo para os próximos anos, para o ano dos 28 anos, que é o próximo em que a coincidência vai se dar. quando lá, estarei bem longe daqui. longe e pronta, com um ar mais interessado e mais maravilhada com a quantidade de vida que ainda virá pela frente.
mas pelo menos nesse aniversário, absolutamente solitário, eu não chorei.
agora deixa eu acender as velinhas...

15.8.04

- oi, tu tem o novo do belle and sebastian?
(e ele colocou sonic youth pra tocar na loja)
- eu tenho. deixa eu ver ele aqui. vai ali e me diz onde que tá porque daqui de onde eu tô, não consigo nem ver nem chegar essa prateleira. tá atrolhado de coisas aqui.
- tá ali ó, bem em cima.
- mas esse é o do boston.
- não, do lado do do boston. é o segundo ou o terceiro.
- ah, vi aqui.
- quanto tá esse?
- 25. qual é mais o que falta pra ti?
- ah pra mim falta o verde.
- o verde? bah, tô com o verde aqui.
- tu tá com ele aqui?
- tô.
- quanto?
- 15.
- aiaiai, agora tu fundiu minha cuca! não sei qual dos dois eu levo...
- leva os dois, ué.
(e nisso entraram uns caras falando inglês na loja)
- ah, mas e dinheiro pra isso? eu só tenho pra levar um. (e claro que eu estava pensando que ele ia me dar um desconto ou sei lá)
- tu não tem crédito?
- não...
- tá e eu posso abrir uma bíblia pra ti?
- ã? uma bíblia?
- é, colocar lá versículo tal do capítulo tal.
(e eu estava completamente perdida, já que não entendia nada que ele dizia)
- hummm, acho que não. bom, eu vou levar o verde então.
- o verde? por que não leva o novo?
- ah sei lá, pra mim tanto faz.
- então leva o novo que é mais caro.
- tá, mas tu guarda o verde pra mim até quinta?
- guardo, claro. era pra ti isso mesmo, coisas do destino... eu não tava com ele aqui, fechei negócio com um cara hoje mesmo. tava te esperando aí o cd. quando a coisa é pra uma pessoa não tem, é pra ela e pronto e esse cd era mesmo pra ti.
- hehehe, tá certo. bom, guarda pra mim entonces...
- tá e quando é que tu passa aqui correndo de novo?
- na quinta-feira.
- então tá, vai ficar guardado. se tu não vier na quinta, eu continuo guardando mesmo assim.
- bah, obrigada. tchau hein, até quinta.
- tchau.

esse cara rende horrores. e ainda por cima me olha com uns olhos desse tamanho e fixos, apesar de ser meio estúpido às vezes, o que só faz eu achá-lo cada vez mais um máximo.
mas dessa vez não teve discontinho de 5 pilas... droga!

música de fundo: os replicantes - sexo e violência

13.8.04

o balcão preto lá na sala agora, com a sua última gaveta da direita para a esquerda ou vice-versa, que pertencia a ele, desocupada, ou ainda, com outro conteúdo.
sem mais aquele monte de papel, documentos, poucas e pequenas fotografias muito antigas... remédios de faixa preta.
e já faz quase uma semana que passou o dia, mas apesar da minha falta de tempo, ainda não pensei em outra coisa.
foi com ele que eu aprendi, indiretamente, a guardar tudo em gavetas, organizar tudo em caixas, em pastas e nunca jogar nada fora. nunca jogar nada fora...
mas é tão triste, apagado,porém,vivo e de um tom vermelho violento.
e quando chegava perto dessa data capitalista e sem fundamento, lá ia a professora de educação artística colocar seus alunos a fazer trabalhos, pinturas, cartões, etc. :
- afinal de contas, quem é que não gosta do seu pai? todo mundo ama o pai. o pai é a o farol da nossa vida, né? pois então, leiam o poeminha e façam um desenho que tenha a ver com o pai.
e era eu debruçada na mesa grande e retangular, ao lado de algumas outras coleguinhas medíocres que contavam histórias sobre seus pais e elas e como eles eram legais e cada um era melhor que o outro. eu muda. eu tentando enganar o papel com um desenho mal-feito, sem dizer nada, sem expressar nada. eu apenas garantindo minha nota no final do bimestre, até porque o tal trabalhinho jamais chegaria às mãos do meu velho. e não chegou mesmo. nem esse do farol e nem nenhum outro.
o que eu disse em voz baixa e que só eu ouvi foi que eu não amava meu pai.
e não raro eu até dizia que não tinha um, mas logo era desmentida, uma vez que ele me deixava na porta do colégio a vista de todos.
e então nem preciso dizer que o pior dia era o segundo domingo de agosto, de manhã bem cedo, quando minha irmã entrava no meu quarto e eu que não tinha dormido ainda, tinha que participar do teatro também, apesar de me manter distante.
era um presente, um abraço falso. inclusive esse último eu tentei muito evitar, fechando os olhos e me mantendo neutra e intocável no canto do quarto, sentada no chão, mas era impossível.
o trio do cinismo.
os meus olhos irritados e o humor também, que não conseguiam admitir tanto absurdo em tantos anos.
e absurdo ainda maior que todo esse, é a algumas casas de distância o vermelho persistir ainda com a mesma intensidade e os abraços todos, nada fazer diferença. o rumo dali em diante é imutável. as gavetas todas vazias, quer dizer, nem todas.
acho que a minha herança é realmente nunca pôr nada fora.

6.8.04

quando a porta bate até parece ter alguém aqui dividindo o espaço. e o vento quase derrubando a janela, fazendo balançar o vidro: é medo.
sem luz na frente da casa e os cachorros latindo desesperados, me foge a concentração...
um vulto gelado: a morte que não veio hoje, mas seu rastro num instante e num vácuo, posto que não consigo respirar. mas preciso alcançar a outra peça, fechar a porta, ficar sozinha de novo.
aí vem ele a passos lentos, cintilando os olhos.
mas se eu mexer esse braço o que há de acontecer?
essa chama fúnebre no meio do frio, na rua sem carros e alma alguma. também nem adiantaria.
num qualquer espelho a imagem (imaginação) que não há mas que meu pensamento disperso concretiza e assusta, me assusta.
mais esse ronco que me segue, ao meu lado, tranqüilo...
se eu mover, arredar o pé daqui, o que acontece?
tenho medo de até mesmo descer para debaixo das cobertas, não sei o que poderia encontrar ali, além dos livros e canetas que devem ter ficado sobre a cama, se o fizesse. a verdade é o nada. mas o nada, desagradável, também não quero encontrar. e olho olho, mas não consigo ver com tantos “mas” assim que mais questionam do que adversam.
uma passagem. melhor destapar os pés e ficar pronta para algo extraordinário que não extraordinariará coisa alguma. se a sede me toma, não tomo nada. me encontro imóvel com a respiração baixa agora que já voltou.
pensando no vazio de novo, ele parou de roncar...
me preparo sem busto para a frente e crio uma covarde coragem, dessas que assumem a alma dos perdidos no escuro e na batalha em meio a lágrimas, lerdos... porém, com uma espada não mão: um estrago! só enxergam a linha reta. e precisariam de mais?
foi quando pus o pé no chão o susto maior: sem comando, as três peças da casa se iluminaram novamente e todas ao mesmo tempo.

alguém no bairro com menos pesadelos ocultos e divagações sobre o negro com pontos indefiníveis me venceu, chegou até o telefone e chamou a companhia elétrica primeiro.
e justo agora que eu já me familiarizava com a idéia de que ali só tinha mesmo a minha própria pessoa...

31.7.04

não tinha trilha sonora, nem piano e nem nada. só a minha visão meio turva e a vontade.
subi no armário e enxerguei facilmente a caixa de sapato rosa com uma mulher bonita na tampa. a caixa era pesada e foi com cuidado que eu tirei ela dali e a trouxe para o chão do quarto.
sem ninguém olhando, sem barulhos, eu tinha a privacidade total para fazer o que eu queria já fazia um tempo e foi então que comecei a vasculhar. eu preciso de uma história, não exatamente outra, mas quem sabe a mesma em imagens, em desenhos isolados que pareçam não desmoronar todos os conceitos que as freiras tentavam colocar na cabeça dos alunos e que há muito, já haviam caído pra mim.
uma vez que não havia coração tão forte, foi na carteira que eu encontrei o que queria: dois avulsos em preto e branco num papel pequeninho. tudo antigo, tudo do começo. começo esse que, diga-se de passagem, eu desconheço completamente. antes ainda, quase... afinal de contas, ninguém foi poupado da história do cobertorzinho azul. mas acredito que aquilo seja pura invenção, assim como quase tudo.
uma péssima invenção, de muito mal gosto. mas há quem apoie...
o papel é velho mas as caras são novas, bonitas e sem preocupação alguma. naquele fashion dos anos 70. em uma delas está escrito: 26/01/1973.
mas nessa época não sei se eles já eram dois. agora é tarde e esse tempo é irrelevante. tem caixinha pra todo mundo e eles vão ficar separados mesmo, melhor assim. a distância faz bem às vezes.
e eu separei todas as latinhas, tentanto organizar o inorganizável, como sempre. eu insisto.
encontrei ainda uma certidão datada de 17 de novembro de 1984. certidão que não pode ser nem falsa, nem invenção: "o referido é verdadeiro e dou fé."
mas antes não tivesse dado... se bem que, olhando assim, acho que não faria muita diferença. é que apesar da casa ser praticamente transparente, tem ainda muito coisa que não deu pra ver.
não sei o que pensar a respeito, só sei que preciso sim de uma história. eu já tenho uma, mas é desagradável demais essa...
já começou tudo errado mesmo, então errado deveria continuar e terminar pior ainda.
os pontos finais da vida às vezes são bem duros. e enquanto cada um segue a sua vida assim sem sentido, eu nas caixinhas de ferro vou montando a minha família.
porém, continua cada um na sua caixinha. é que algumas coisas depois de 23 anos, não tem como mudar...

a 23 anos chegou braba em casa porque brigou com o namorado. inútil.

música de fundo: sigur rós - staralfur
há alguns anos atrás ela quebrava pratos no antigo moinho dizendo que quebrar alguma coisa acalmava os "ânimos".
hoje eu sei que aquilo na verdade não servia para nada, a não ser para aumentar a despesa e ficar mais pobre.
agora ela quebra a cara e não tem desculpa pra isso.

29.7.04

como é bom tê-lo aqui sem hora marcada, sem campanhia ou telefone tocando atrás dele.
- mas por que tu faz isso com a comida, guri? tu come parece um porco, um cachorro!
e nós demos risada... e foi como um cachorro que ele pulou em mim e me derrubou no chão e então nós éramos dois cachorros rolando no piso da cozinha enquanto minha mãe pedia para pararmos com os gritos. mas que parar o quê! nós continuamos e muito mais.
- agora sobe aí e vem na minha garupa.
- mas tu me derruba sempre!
- ai, sobe aí vamo.
- me larga! ô guri, me larga, olha aí!, vai me arrebentar o braço!
- se tu não subir aí eu vou arrebentar. hahahahaha.
- hahahahaha.
...
- olha minha perna! gordo pançudo! tu deu com a minha perna no marco da porta!
- ai, tudo te machuca fracotinha.
e ainda brincamos muito mais.
é ótimo ver a carinha dele iluminada pela alegria de estar aqui, em casa, na casa de verdade sua. é bom eu poder aceitá-lo agora sem a raiva pilhada de anos atrás. é bom...
somos só nós acordados, no quarto. somos a nossa mini-família de dois dentro da pequena-família de cinco, e somos mais felizes juntos por toda a segunda.
gosto de saber que amanhã terei companhia para o almoço, principalmente porque a tal companhia será ele. ele com suas piadas sem nenhuma graça... "qual a diferença entre tu e o toco? tu é menor que ele. hahahahaha."
rindo, com as faces coradinhas, rosas. mostrando os dentes de pura faceirice. falando do colégio e da aula detestável de religião. e as brigas por causa do gato.
hoje é quarta-feira e não fim de semana. gosto de saber que ele dorme seu sono calmo (hoje) no quarto ao lado.
meu irmão no meio da semana e também nos outros dias se parece comigo.

música de fundo: smashing pumpkins - o the mellon collie and the infinite sadness

27.7.04

talvez seja porque agora eu não tenha mais namorado...
mas na semana passada, na vinda do apollo, enquanto eu estava colada, apertada e esmagada contra ele por motivo de falta de espaço dentro do pálio 4 portas, só o que eu queria era virar a cabeça num giro curto, para cima e suficiente para alcançar exatamente o que eu queria. mas não...
incrível, mas na vinda do show do augusto confirmei o "episódio", ou pra ser mais exata, a sensação dessa semana passada, agora muito mais intensa: nossos olhares se entendem.
do corpo nada sei, mas dos olhares... que não se encontram do nada, mas propositalmente; que se falam, se comunicam, se compreendem. telepatia meio avançada essa nossa... mas ainda acho que ele diria não. coisas da vida, meu caro.
voltando a um projeto de 3 ou 4 anos atrás, só que agora bem mais maduros. assim, assim...
e a mão dele na minha cabeça; a cabeça dele no meu ombro; a minha mão por debaixo da toca. e meu deus!, como isso vai se dar?

a propósito, esse show do augusto estava muito bom com direito a uma destruição cavalar e pãrchismo ao extremo, o que não me permite ficar triste por pelo menos uns 5 dias.
jean atirado numa cadeira, pálido, com cara de morto e com uma apresentação às 11h da manhã no theatro são pedro.
abraços espontâneos de todos os lados: - ah guria, mas tu é bem pequenininha!
hino do rio grande do sul bravamente cantado aos berros, como sempre.
- do marco pra cá é galpão! eu tô num galpão!
- me traz uma picanha de javali ô cavalada!
- mas me acende esse fogo de chão ô boi com teta!
e saudações ao boca juniors e à alma castelhana, além de no outro dia alguns ainda se encontrarem no juliano para uma roda de chimarrão ao som de césar passarinho, vitor ramil e moby na frente do computador fazendo isso (avacalhação na piazada)*.
e jogo do brasil x argentina, claro.

*piazada são os caras de bem menos idade que moram no condomínio.
bom, pra quem não quiser ir lá...

22.7.04

quando os dedos já não tinham mais o que dizer (porque não havia mais o quê ou porque não conseguiam mesmo mais fazê-lo) e estavam tão moles quanto os olhos que já lacrimejam suas lágrimas até o momento poucas, mas fáceis; quando o corpo e a mente já se encontravam num estado de relativo cansaço, eu resolvi deitar e tentar dormir.
não o fiz. impossível!
missão impossível essa a que me destinei daquela forma.
após deitar na cama e cobrir toda a minha pequena extensão com as cobertas de lã, me protegi do mundo externo, mas e o mundo interno? no máximo, fechei os olhos inutilmente. lá me vinham as lembranças...
de um fato, único fato, como sempre, fiz toda a minha longa analogia da minha ainda breve vida e dos 17 anos quase que praticamente todos perdidos. os anos...
as lágrimas começaram então a serem muitas e eu pensando, analisando tudo de novo, associando os "novos" aos velhos fatos em busca do motivo maior, tentando achar a razão de tudo.
e o velho ali, parado me esperando com os olhos verdes meio azulados.
sei que chorei por ele, por ele e por ele, por mim, pelo velho e pelos outros que eu chamo cuidadosamente de resto. sei também que o choro me venceu e que eu dormi com os olhinhos esbugalhados.
acordei de manhã com a cara em chumbo e como há muito não me sentia: como se enormes ondas tivessem passado por mim durante horas e horas.
aí não lembro de mais nada e me sinto imensuravelmente triste.
passei a tarde a estudar e depois fui ver um filme, lindo, chamado valentín.

20.7.04

~
mãos nervosas... dedos que tremem à procura do se sabe onde porém, não se sabe como. ou se sabe?
nesse caso, melhor esquecer.
os lábios apertados assim ( ) para não dizer.
calafrio e medo de mentirinha mas de verdade. melhor, era falta de coragem. também, coragem para quê mesmo?
"... não vale uma naba" e se vale, melhor esquecer nesse outro caso também. e quem sabe nesse mais ainda que no anterior.
melhor esquecer tudo logo de uma vez e com os dedos ainda a tremerem, apagar tão forte de forma a rasgar o papel que não há, os riscos imaginários na nota fiscal, na folha de ofício/ amassada de caderno ou guardanapo ali em frente.
dois
três
quatro
. seis.
e nada ao mesmo tempo. mas sonho... tudo isso notado.
a mão nervosa esquerda, vai usar o papel para limpar o refrigerante que se derramou.
~ de novo.
o leite está caro.
 
música de fundo: new radicals - maybe you've been brainwashed too

17.7.04

eu estava deitada na cama, as cobertas até o nariz, olhos e ouvidos abertos a observar e analisar os barulhos da casa, as vozes e os pensamentos além da minha porta fechada, nas outras peças.
conheço-as tão bem que não é preciso olho no olho ou maiores aproximações para ver e saber o que se passa com as mesmas.
foi quando ele apareceu sorrindo no pátio, abriu a porta e entrou na casa:
- macacada filha da puta...
- ah não! o que tu tá fazendo aqui, vinícius?
- vinícius, tu não ia viajar com teu pai? o que tu tá fazendo?
- mas eu nem tô fazendo nada!
- ah, hoje que eu pensei que tu ia dar um descanso pra mim... !
 
ela nunca o vê, só em raros fins de semana. acho que se arrependeu de ter esse filho... "ah, hoje que eu pensei que tu ia dar um descanso pra mim" "hoje que eu pensei que tu ia dar um descanso pra mim" "ah, hoje que eu pensei que tu ia dar um descanso pra mim"
a frase em eco na minha cabeça apesar da distância física ser bem menor que os 17m necessários.
 
e ele foi saindo com lágrimas nos olhos e barulho de choro.
a mais velha tentou remediar:
- volta aqui, vinícius! não vai embora!
- eu vou sim, eu nem fiz nada!
- deixa que vá!, a outra continuava.
 
e eu quase me contorcia porque homem chorando é coisa insuportável.
mulheres choram por motivos fúteis, quaisquer, mas homens só o fazem quando são realmente atingidos.
não posso ver homens chorando. carrego no xx, no útero, o peso e a culpa de poder gerar um outro homem que também venha a chorar. causa: a existência.
pecado, mas eu disse vagabunda debaixo das cobertas e continuei.
- luciana!
quando ela me chama me finjo de morta às vezes. e fico sem almoço.
 
depois, fizeram as pazes sem ter feito coisa alguma.

16.7.04

nostalgia não combina com saudade, só com tristeza.
saudade lembrança triste e suave de pessoa, situação ou coisa ausente ou extinta.
saudade combina comigo.
- depois eu te ligo.
mas claro, não ligou. também eu seria tola em esperar que isso acontecesse.
e  aí segui a passos lentos e cabelo desgrenhado pelas calçadas molhadas, lembrando de outros tempos. eu e ela.
"ela compra bolachinha e dá pra todo mundo menos pra mim."
o que foi engraçado lá, ali não foi e eu fui pra casa com a cabeça encostada ou escorada mesmo na janela.
 
ah, www.elephantmovie.com

11.7.04

o gosto amargo na boca hoje de manhã que não sei, mas não saía de jeito ou maneira.
e o beijo ontem foi automático e inevitável diante de cena tão linda embora tão dolorosa.
o que eu não contei foi ele segurando a cabeça entre as mãos e deixando as lágrimas escorrerem ou jorrarem livres dos olhos por toda a face, as lágrimas salgadas apesar da cena doce e da voz mansa dizendo que achava que ia se matar.
e claro, eu ali do lado, incrédula.
- eu acho que eu nunca mais vou te ver mesmo...
- mas o que que adianta? só o que muda é que eu não te vejo.
e essa última frase funcionou como um soco na minha boca. um xingamento sem nomes feios, que ele nunca me diz, da parte dele.
isso tudo depois da morte da alface, com a vitrola, os dicos de carvão e uns livros muito velhos mesmo: o meu quinhão na história toda.
e ele fez uma pergunta para a qual como resposta eu só ri cinicamente no canto da boca, mas sem mover uma carne que fosse externamente. não disse nada e para aquele estado, melhor assim.
- mas tudo o que eu fazia era em vão. agora que eu te perdi, eu não vejo mais nem motivo para fazer alguma coisa.
e aí me surgiu a idéia que ia sendo estudada a cada letra que ia simultaneamente sendo dita:
- mas então eu sou só um vão a mais. tu te apóia em mim por tudo o que não fez, pelo que tem medo, pelo que não é e não tem coragem de ser!
- não, não, não!
e ele chorava ainda mais.
incrível ou não, mas eu não conseguia sentir nada, nem sequer vontade de ir embora. meu olho frio olhava reto, só reto, atravessando-o inclusive. ele insistia em chamar minha atenção. só mais uma coisa em vão e isso desmacarou a frase dele pra mim.
- não quero te deixar triste...
- não é culpa tua.
mas eu senti a inverdade.
me abraçou forte, me apertou muito as costas e pediu pra eu prometer.
eu disse não. ele riu, me entregou o canivete.
- pra quê isso?
- eu quero te dar agora.
- não vai ter volta.
- tudo bem...
e eu subi no ônibus.

10.7.04

os dedos longos que me deram sincera inveja. mas não é disso que eu quero falar agora.
quero falar do dia 10 de julho do ano passado. desse dia que não sei se foi curto ou longo.
mas hoje já faz um ano...
agora eu sei o tempo, contadinho no relógio porque a essa hora desse mesmo dia do outro ano, eu estava desesperada sem saber o quê fazer. até porque não tinha nada mesmo que eu pudesse.
se foram os dedinhos pequenos que não se encaixavam entre os meus, mas eu chata, tentava. as mãozinhas que eram luvas naturais.
pêlos.
ficou a réplica e o nome no ar. o nome...
ele se foi, ficou um outro, cópia perfeita das maneiras, do jeito, das estações do ano. tudo muito igual, o que faz com que algumas pessoas ainda o confundam.
bobagens minhas assim... não mesmo! era o meu companheiro.
longas batalhas estavam sendo travadas naquele julho de 2003 e talvez eu não fugisse, não saísse correndo mais ainda por causa dele. por causa única e exclusivamente dele.
e quem não entende o que é ter um bichinho-alguém na vida?
tem gente que não entende...
- ah, eu achei ridículo. nenhuma pessoa do mundo iria embora de casa por causa de um passarinho.
foi o comentário da colega a respeito de um dos contos da lígia fagundes telles.
mentira. eu contestei bravamente, não sei se defendendo o meu bicho ou defendendo o meu lado bicho.
eu sinto saudade...
ele se enroscando nas minhas pernas enquanto eu ouvia música, lia, tomava café. sempre ele. ele quando eu estava nas mais tristes das horas e não tinha ninguém por perto, e eu não queria ninguém, mas abria uma fresta da porta pra ele, abria a janela e deixava ele entrar.
quando eu achava que aquilo nunca ia se dar. mas na verdade, eu mais ou menos estava pressentindo. mau, muito mau pressentimento. e mal também, uma vez que me fez doente.
mas fiquei mesmo quando soube do ocorrido e esperava horas pela hora de ele chegar. mas ele, claro, nunca chegava. não podia mais.
- luciana, tu não vai ver ele antes de eu enterrar?
- mas claro que não! como que tu quer que eu veja ele ali, sem se mexer, sem vir até mim? eu não posso ver ele, não posso!
e no meio da noite senti vontade de desensacá-lo e escondê-lo aqui dentro mesmo.
era noite, um frio de rachar como hoje. ele que sempre fora quentinho, agora estava gelado, pedra, ali dentro daquele saco esperando o dia amanhecer para sempre.
com vaga lembrança e água nos olhos agora, não me lembro de ter dormido aquela noite.
mas a lua, maldita, insistia em brilhar no céu apesar da tragédia.

música de fundo: sonic youth - wildflower soul

4.7.04

nós acordamos razoavelmente cedo. aliás, foi cedo mesmo para um dia de domingo.

eu ri descontrolavelmente. a cena tinha sido engraçada.
acho que foi por isso que ele não falou mais...

um equívoco.
e eu me sinto culpada pelo silêncio dele agora.
ele disse fracasso mas o fracasso foi meu, eu acho. eu é que não consegui. eu tive que rir, não entendo o porquê.
mas agora é tarde.
acho que ele se sentiu mal.
eu senti qualquer coisa, sem-graça na hora. e foi só.
mas eu estou triste agora com isso.
não tem panos limpos para serem usados aqui, era tudo brincadeira. era sim senhor.
não sei o quê ele achou e pensei que era melhor não perguntar. eu faço perguntas demais...
por quê, por quê, por quê.
no fim eu menti que ia estudar e saí. ele continuou sem falar nada.

acredito que hoje eu tenha perturbado a paz de alguém.
meu deus, eu não presto!

but there was tomorrow.

3.7.04

eu só queria saber onde está todo mundo que não está comigo, acompanhando a música.
eu só queria saber em qual mesa, de qual bar. se na lima e silva ou se na república.
só queria saber se tinha alguma festinha hoje para a qual esqueceram de me convidar.
só queria saber até que horas, em qual carro ou se de ônibus. como chegar...
se vai ser cerveja, canelinha, rabo de galo, caipirinha... xis no speed. aquele xis incógnita aberta do speed.
mas tenho tanto sono, cansaço físico, mental. melhor dormir...
mas eu queria mais notícias, mais abraços calorosos de saudade e um beijo no rosto.
- bah, até me beijou hoje!?
- aaahhh, tu mereceu! pãrch!
não sei. um alô assim, menos preocupado, menos pedinte...
não queria isso: "sabe, agora eu te entendo, eu não procuro mais ninguém, não quero sair nem ver ninguém... não sei por quê, mas eu realmente preciso de ti."
tão frio em um e-mail de quem me "precisa" tanto.
e esse gosto já foi bom um dia com garrafa passando dessas duas mãos para aquelas duas mãos na frente da ,então, casa rosa.
na primeira vez em um mês em que eu resolvi carregar comigo o maldito telefone celular, ele tocou. "eu te ligo quando tu chegar em casa."
- fala, demônio!
- agora eu tenho que sair, meu namoro é uma bosta e depois aí pelas 7h eu te ligo.
17h e 30 min, 18h, 19h, 20h... e nada.
esqueceu. lembrou dele, esqueceu de mim.
eu sempre aqui. eu me preocupo demais em ajudar as pessoas. com ela, principalmente.
"eu vi isso e lembrei de nós...
um verdadeiro amigo: Já te xingou de tudo quanto é palavrão inventado e alguns novos." entre outras frases de "efeito" e realidade que chegam a ser impróprias até para o horário.
mas não me queixo.

e depois de quase meio ano ele resolveu me mandar uma carta contando da vida, dos seus problemas com o sexo feminino e o dilema pt ou pstu. "mas pelo amor do bom marx, quando tu responderes essa carta (com outra carta, é lógico) fala de ti também!"
valeu meu dia e eu fiquei feliz, andando com a carta resposta no bolso da mochila para entregar quando passasse pela casa dele, afinal de contas, tempos de crise, é preciso economizar até no correio.
um senhor estava conversando com a senhora da portaria do prédio quando eu cheguei.
- eu quero deixar uma carta para o tobias.
- cartas não adiantam mais... - disse o velho.
- ã?
mas ele não ouviu.
deixei a carta na caixinha do apartamento 1 e entendi o que o velho quis dizer. mas não. sou luciana demais para o tobias e sua trótskista de amor aberto e todo o resto.
é engraçado...

agora em que bar, todos aqueles que se conhecem e os que não se conhecem estão, eu não sei. mas daria um real para saber e me juntar a eles. à carine, ao tobias, aos da internet, mas principalmente aos pãrchs, para poder cantar "eu me apaixonei pela garota com cara de floresta" e "ovo, ovo, ovo, ovo...", roubar os cavaletes da eptc e trancar uma rua para rir dos motoristas em plena a madrugada.
sim, eu estou carentíssima. e apesar de achar que nunca iria dizer isso na vida, (depois que a pessoa vai ficando velha vai criando novas necessidades) acho que preciso de um namorado novo ainda que temporário.
eu gostaria de saber...

2.7.04

me irritei e pus tudo fora.
uma noite dessas, há pelo menos um ano e meio atrás eu caminhei 4 horas e meia contadas no relógio. era de noite, havia perigo. perigo coisa nenhuma!
eu nem preciso falar sobre o meu estado...
eu caminho com os calcanhares. minha coluna é torta. eu preciso praticar qualquer tipo de esporte. até ... ? até.
essa música no volume 15. guitarra, só guitarrinha e a linda voz dela. isso me lembra o cigarro dos outros, a fumaça dos outros, o meu copo cheio. isso me lembra ela completamente bêbada tocando... gritando. eu me emociono.
ele arrancou um pedaço do meu coração. mal posso olhar pro rosto dele. eu disfarço muito bem, eu me escondo assim bem. mesmo com as mãos nervosas e todo o resto.
a minha visão sobre ele se tornou insuportável. esses dias cheguei em casa e chorei.
mas ontem à noite ele gritou meu nome do outro lado da rua. não lembro bem dos fatos, dos acontecimentos, mas sei que nossas bocas se encontraram assim como se já tivessem se encontrado há muito tempo antes e tivesse sempre sido assim: perfeitos um para o outro.
pá! ouvi um disparo e não lembro de mais nada.
acordei do maldito sonho. acho que ele ficou morto por lá.
sobre a minha mesa tem duas xícaras vazias de nescau. com certeza de uma delas, não sei qual, eu bebi devagarzinho pensando que ele estava dentro. bebi em doses pequenas mas rápidas, engolindo-o por assim dizer, inteiramente.
eu quero inteiro.
mas ele me esburacou com a ** letra do alfabeto que soou grego ao meu ouvido e compreensão. o impressionante foi que eu consegui entender a mensagem.
filho da puta.
não agüento mais esse cabelo, quero uma franja. onde está o veado do vítor meu cabeleireiro?

música de fundo: cat power - what would the community think (o cd, porque eu tenho)

27.6.04

no sábado à noite enquanto ele estava não sei aonde...
eu fico só comigo mesmo e só me resta a saudade como companhia
como companhia (iiiiia)
EU NÃO CONSIGO SER ALEGRE O TEMPO INTEIRO

eu nunca toquei nele.

mas aí eu vi o globo repórter...
"SIGNO LEÃO
é muito fácil reconhecer um leão em público: basta localizar o pavão do pedaço, que você chegou nele. ele estará abrindo e fechando seu leque emplumado, com um ar teatral e levemente superior, hipnotizando a platéia e esperando condescendente por aplausos. seus gestos são largos e suntuosos, sua fala tem pausas dramáticas e ele pronuncia várias vezes "eu", "me", "mim", "comigo" - um leão nunca deixa de anunciar que a idéia genial foi dele, e graças ao talento ímpar dele o projeto grandioso (dele) finalmente saiu. o mais insólito é que ninguém vai achá-lo pomposo ou antipático: ao contrário, todos continuarão magnetizados por tanta realeza natural. Pois o egocentrismo leonino não tem nada de mesquinho. o leão é até pródigo demais: um rei que paga banquetes, empresta o carro e dinheiro de olhos fechados e arranja colocação para todos seus conhecidos, só esperando dos agraciados o devido reconhecimento e devoção eterna.
no coração do leão cabe todo mundo - o que lhe causa, às vezes, aborrecimentos inesperados. sua majestade, com toda aquela pose, é um tremendo ingênuo, e vive na ilusão de que tal o mundo é uma extensão das virtudes leoninas, e seus contemporâneos são réplicas motorizadas dos cavaleiros da távola redonda. é aí que o leão quebra a cara. mas nem assim abaixa a juba - ele é orgulhoso demais para ficar remoendo as mesquinharias do dia-a-dia, que encara como meros acidentes de percurso. sua falta de objetividade é diretamente proporcional ao otimismo narcisista: todo leão está convencido de que o sol se levanta para ele, não por motivos astronômicos.
portanto, ame-o ou deixe-o. e se você se decidir pela primeira hipótese, ganhará uma fera em lealdade para o resto da vida. porque, ao contrário do astro que rege este signo, o sol, o leonino não brilha sozinho. depende de alguém para conseguir irradiar luz - e isso ele reconhece. sem um refletor que amplie e aperfeiçoe sua auto-imagem, ele não passará de um empoeirado e gasto leão de tapete."
97,5% está correto.

- tu sabia que eu sou loira?
- loira é?
- desde quando?
- sei lá, desde agora, pode ser.
- é bem gostosa mesmo. de tão gostosa que é chega a ser irritante.
- tu acha mesmo?
- sim, fica se fazendo de difícil! gostosa total.

eu preciso encontrar um lugar pra eu dançar e me escabelar, né?!
tem que ter um som legal, tem que ter gente legal e tem que ter ah, cerveja baraaata


letras do wander wildner, signo de leão de um livro de signos que eu roubei da bethiele e conversa com o cirion que não tem nem respeito e nem nada pra fazer.

25.6.04

o dia frio, cinza, tudo molhado, desses que não dá pra ver a parte de cima de cima dos morros encobertos. as nuvens aqui embaixo.
e a dona wandir de chinelo de dedo e sem meias, sentada de forma cansada na frente da minha casa depois de ter feito em 30 minutos, em passos de formiga mesmo com aquelas pernas de elefante, aquele trajeto de 10 minutos do mercado até em casa.
com 3 sacolas pesadas e eu fiquei um tanto torta para um lado por ter carregado as três, tentando ajudá-la a chegar em casa.
eu sempre tinha visto por fora o interior da casa onde se jogava carta todas as noites, mas nunca havia entrado. a casa de madeira, amarela com janelas brancas e o profundo contraste com a escuridão de dentro e poucos móveis, nada no meio, velho não gosta de nada no meio da sala que é para não se machucar. velho se machuca fácil.
foi o filho dela que casou com uma guria da internet e foi morar em são paulo.
mas assim que entramos, ela se atirou ofegante na cadeira de balanço, e eu tomei um susto quando ela foi pra trás, já que desconhecia essa atividade da cadeira.
larguei as compras no chão mesmo e fui embora sem fechar a porta, é escuro demais lá dentro...
e será a dona wandir mais uma dessas senhoras, pobres senhoras, que a única coisa que fazem é esperar a morte chegar?
e será que eu vou ser assim também quando estiver nos meus 70, 80 anos (sim cristina, eu pretendo passar dos 30)?
sinceramente, se for pra ser assim prefiro morrer antes. antes morta embaixo da terra ou dentro de um potinho do que morta em vida e agonizante.
foi aí que meu pai passou de carro e mesmo sem buzinar atrapalhou minha reflexão. quando eu o vi esqueci a velhice, lembrei imediatamente da infância.
e agora ele também é só mais um velho...

24.6.04

primeiro pareceu que era tudo combinado.
perguntas bobas para não ir direto ao ponto. o ponto sim, tinha um ponto e eu imaginei que fosse aquele mesmo.
mas foi só naquele momento...
depois eu falo. não, acho que não vou falar nunca mais nesse assunto.
hoje eu "vi" tudo ir por água abaixo, a casa cair ou seja lá o que for.
mas eu não posso demonstrar, ou posso?
acho melhor me aquietar e continuar tentando.
sempre, afinal de contas, aqueles olhos...
e eu ainda quero aquela boca.

droga!

20.6.04

a mãe que tricota na sala.
a filha que não incomoda porque "ela passa o dia inteiro no quarto estudando ou ouvindo música", e a outra filha que não conversa mais e fuma escondido no seu quarto.
além do filho caçula, que não aparece na imagem porque não mora mais na casa.
e a casa é vazia, em cada cômodo uma só pessoa, exceto no domingo e aquela uma hora e meia em que a família não é uma instituição falida.
e embora o bolso seja o mesmo, as vidas, é cada uma no seu canto. são independentes meio sem ânimo mas com muita força de vontade(nem sempre).
o quadro é quieto e sem movimento, ele é só, não tem companhia e todos os dias é o mesmo, no aniversário, no dia das mães, no natal, no ano novo... salvo esses dois últimos por alguma garrafa de espumante.
a imagem é uniforme em almoços solitários, cafés da manhã/tarde e jantares que não existem. cada panela, uma mesma comida para cada estômago, em separado, claro.
e o pequeno que há muito não vem, já faz falta, junto com seus problemas que não são infantis conforme sua idade e a intensidade deles. mas a mãe parece querer esquecer, já que não levanta do gancho o fone do telefone na sala. já que nem fala mais o nome dele. a não ser quando o soe da escola adventista chama, e ele chama quase todas as semanas.
isso tudo está num álbum mental com uma força inexplicável de guilhotina psicológica que, há poucos dias, teve mais uma imagem adicionada: a da mãe que recebe a filha com um beijo.
mas não, essa se era pra ser, não é uma imagem bonita. o mais que se pode dizer dela é duvidosa. imagem enigmática, que pede para ser questionada. afinal, de onde veio mesmo esse beijo? de um mero impulso ou do coração?
a filha que não incomoda está certa de que a primeira opção é a mais correta.

17.6.04

- olha só! pelo menos eu não sou a única, aquele cara que vai indo ali é do meu tamanho!
- ah, o que eu queria mesmo era ser baixinha, bah, meu sonho.
- ih guria, nem fala uma coisa dessas! tu não sabe a tragédia que é ser pequena.
a primeira coisa é ir em show, é horrível ir a show desse tamanho. tu não enxerga nada e tem que ficar brigando com os caras pra poder dar um jeito e chegar lá na frente.
depois tem que quando tu é baixinha, é uma coisa pequena e portátil e por isso sempre te levam aonde querem.
todo mundo brinca contido e tá sempre rindo de ti, porque afinal de contas tu é pequena e então eles podem fazer gato e sapato.
- hahahaha.
- olha, eu não tenho muitos problemas, já me conformei com esse tamanho, mas é uma das minhas muitas frustrações.
pô, quando tu é pequena ninguém te olha, ninguém te enxerga; tu nunca é notada.
- hahahaha.
- e não tem graça!
isso não é nada ainda. ainda tem quando tu vai no mercado e nunca alcança nos produtos que estão lá em cima nas prateleiras. tudo por causa desse tamanho maldito!
da primeira à quarta-série tu sempre tem que ficar bem na frente da fila.
e quando tu vai no cinema, sempre tem um cabeção enorme que senta bem na tua frente e ainda ergue a cabeça de forma que tu não consegue ver o telão.
- hahahaha.
- e tu pensa que acabou? que nada!
ainda tem que sempre te pedem para passar pelos lugares pequenos, porque tu é uma pessoa pequena e pode. e sempre é tu que tem que pôr a tua mão pequena nos buracos pequenos quando é preciso, isso geralmente quando se perde uma chave ou algo minúsculo.
e o pior de tudo é que não tem jeito de tu ficar um pouco maior...
- ah, mas eu acho tri ser baixinha.
- ah, uma pinóia! e vamos entrar que já bateu.

é por essas e por outras (mas mais por essas mesmo) que eu gosto tanto de roda gigante.
lá do alto, tudo fica pequeninho enquanto que eu, eu fico grande, maior e dona de tudo.

15.6.04

e como não entendeu o recado, ou se fazendo de desentendido, voltou a ligar e ela aceitou seu convite para sair.
em calça curta meia-canela e cabeça raspada, ele é o ócio não criativo, o amor venenoso apolítico, iletrado e da sua boca saíam poucas palavras...
e a "conversa" se deu mais ou menos assim mesmo, tímida, constrangida e monossilábica.
ele mudou e ela não é mais a mesma para com ele.
e ele com aquela sua tentativa frustrada de abraços, mão no ombro e apertos que ela negava.

na biboca onde "aqui tem tudo o que é veneno musical", ele estava à procura de cds oi!, enquanto que ela queria chico.
definitivamente não se encontram mais.

mesmo assim, na mesa da lancheria houve dois beijos sem amor, sem querer, sem sentido, sem sentimento, que ela esqueceu minutos depois.

ele chorou e ficou olhando com aqueles olhinhos tristes e embaciados, focando-a com uma certa dose de ódio bastante perceptível. mas ela não é tão má assim e o poupou da pior notícia: o outro.

na bolsa dela ele pôs uma carta às escondidas que ela leu indiferente.
no dia dos namorados, um certo desdém por parte dela.

apesar de tudo ele voltou a ligar, ela atendeu mas quis desligar logo. ele não deixou e fez perguntas as quais ela respondeu, mas ele não se conformou com as respostas e ela teve que ser ríspida.
ele desligou o telefone sem se despedir.
ela tem certeza de que foi melhor assim.

música de fundo: los hermanos - do sétimo andar

11.6.04

a coisa mais interessante é que nunca fomos formais. menos ainda, brincando de lutinha no parque harmonia com carros e pessoas passando no horário de pico.
mesmo quando íamos ver as exposições (e disso tu não gostavas), mesmo quando a cerveja era por minha conta no cavanhas.
e o nosso linguajar servia muito bem para mostrar isso:
- eu não quero ir!
- ah, então vai à puta que te pariu.
e nunca ficava por isso mesmo...
eu até arrisco dizer que era bem engraçado. depois de dois meses (?), e deixa-me contar aqui o tempo, desde aquele show da this no garagem hermética, ou melhor, desde o sofá do lendário garagem em 2 mil e alguma coisa que não me lembro até o show do los hermanos esse ano.
é verdade, eu ligo, mas nunca fui muito boa com datas, em guardar o dia 2 de cada mês como fazem quase todas as gurias. desleixada, sim senhor e depois de um tempo já estávamos íntimos.
até naquele submundo em vivemos durante uns meses da vida, ao qual tu foste levado por mim e do qual saíste também por minha causa. sempre eu, sempre eu na tua vida. agora não mais.
te dei a carta de alforria (que era o que significava, segundo tu mesmo) e tu choraste, não sei por quê. era tu quem não amava mais nessa história e a cássia eller estava absolutamente certa quando cantou que é preciso um veneno anti-monotonia.
aquelas brigas do inferno.
eu enjoei.
era tudo muito louco e ninguém acreditava na gente, nem quando dormíamos juntos. as brigas com os outros e aquela noite no carro do bruno.
quando chegávamos em casa caindo pelas tabelas - e era ali que estava o veneno anti-monotonia e o melhor cara de todos - e nos atirávamos na cama, mas não dormíamos direto.
e eu me lembro de como eu falava de política, de economia e de todos esses assuntos (que tu deverias achar um saco ouvir) antes de tudo acontecer.
e agora consigo lembrar de como tudo começou bonito: pegar na mãozinha, amigo amiguinho, tardes de redenção e tu me levando na parada sempre. e eu achei que tu quisesses ser só meu amigo... mas só até o sofá aquele.
eu acho até que tu me conquistaste. mas olha, não deu certo depois.
tu botaste tudo a perder, e eu não te culpo, mas agora não tem mais volta. de um jeito ou de outro, eu era legal.
nós éramos nós, os dois, "o casal". todo mundo queria a gente junto, sempre junto e não sei por que isso tudo...
mas na verdade somos dois fracos (embora eu seja bem mais forte que tu), somos dois cagões da vida. primeiro tu me despachaste, depois eu é que te mandei pastar.
e podes ir que não tenho mais ciúmes.
podes ir com essa cabeça raspada que foi o que tu sempre quiseste. eu tenho ódio, ora bolas! eu gosto de cabelo, muito cabelo, ora bolas!
vai com o teu 1.84 cm. grande, muito grande...
nunca me levaste pra sair no meu aniversário.
vai pra eu poder ficar estudando. vai pra eu afiar mais as minhas ambições.
eu nunca te chamei pelo teu nome verdadeiro.
nós só fomos perfeitos até os primeiros 6 meses. eu gosto de intensidade, muita intensidade. eu gosto de extremos e agora eu quero um amor forte, uma companhia forte e um gole daquela tua vodka.
podes ir para as tuas amiguinhas de cabelo rosa e guriazinhas agora.
podes ir pro diabo que te carregue (no bom sentido, é claro) que eu vou ficar lendo (como sempre) e mais para o fim da noite, vou te ligar pra dizer quando passo aí para buscar minhas coisas que já estão aí faz uns 2 ou 3 meses. mas vai ser só isso.
dessa vez não vai ter beijo e nem assédio. pode esquecer.
e tenta entender, não vou cair nessa de novo.

ah, lembrei agora, foi 2 anos e meio?
música de fundo: vanessa da mata - onde ir

10.6.04

estopa engraxada de mecânico que fechou a oficina.
uma estopa suja, manchada de vermelho que é pega por um monte de mãos que não sabem o que fazer com ela e por isso a apertam.
apertam, apertam e a espremem todinha.

mas com aqueles dois ali no sofá eu sinto inveja. já faz um tempo... não é nada que desperte o meu espírito assassino, mas sim o meu espírito de querer uma coisa assim meio parecidinha.
aqueles dois... não, não são perfeitos, mas me inspiram, assim como eu inspiro um moço. mas eles vão muito mais fundo.
e eu sinto um buraco no lugar.
assim como também me sinto mais criança nessa calça rosa e nesse blusão listrado de um outro moço.
mas isso não dura, é que eu penso naquele pescoço, naquele cabelo, no canto daquelas orelhas e naqueles olhos dos quais eu ri no primeiro momento.
e é aí que eu invejo mais não poder ter e só sentir o buraco. maldição!
eu quero puxar aquele cabelo, segurar com força. circundar com a língua aquela orelha esquerda até aquela parte que não sei se tem nome. e eu já tentei ver o beijo, sentir, mas isso é profundo demais para simplesmente imaginar.
mão na mão e peito no peito, assim como as minhas mãos naquele cabelo, minhas mãos naquele cabelo, minhas mãos naquele cabelo...
quando isso se torna uma espécie de boa obsessão, quando a inveja não mata, quando a oficina mecânica reabre, eu, perdida, me sinto feliz.

7.6.04

por ontem

quem tem açúcar nas veias e gosta do perfume mais doce.
quem tem inveja e fica sonhando, imaginando como seria, como poderia ser.
quem tem sempre os verbos no futuro do pretérito e para quem a vida mais parece mesmo passar nesse tempo.
quem perde tempo e tem medo. quem sempre pensa que não vai conseguir, mas por que iria?
quem não sabe nunca para que lado correr e acaba ficando parada. estaca. estátua.
e aí as coisas vão ficando cansativas, quem acha, vai se tornando desistível. tudo desistível. mas quem sempre tem um alvo e não desiste, apenas se torna desistível.
quem é que vai fazer o quê se não consegue fazer nada?
quem vive de menos, mas pensa demais. vive demais no menos. sempre o menos, mas não dessa vez. dessa vez não, por favor!
e quem não reza, mas tem fé em si mesma e nessa fé. mas se deus existir, ele há de ajudar.
deus não existiu há 12, 13, 17 anos atrás no meio de toda aquela reza desesperada, gritos mudos e diante da visão do inferno; o mau pode vencer sim. deus não existiu ontem de noite, por isso, nem conte com ele.
quem não conta pra ninguém, ou conta, uma história sem detalhes.
quem se atrela ao fato, vai direto ao ponto mas não chega a lugar nenhum com isso.
quem não faz nada e se acha um trapo, mas às vezes tenta ser o que é e não só o que parece ser (quer se sentir inteira).
quem tem raiva e não chora em despedidas. fica braba.
quem é desprovida de qualquer espécie de sorte, tanto no jogo, quanto no amor, amor, amor...
e se perde.
vai se encontrar devagarinho e, quem sabe com essa mesma velocidade, também encontre *. com paciência, com muita paciência. e cadê quem não tem controle e quase tem que ir para o hospital por excesso de felicidade?
tá no quarto sentada e tentando entender tudo. sem os remédios e sozinha.
não vai dar em nada (e olha o que eu acabei de falar), mas vai tentar mais uma vez.
não é mais triste e tem outras preocupações. quer sair dos 9, 10, 12 anos.
quer ficar grande no corpo pequeno e preencher os espaços. todos os espaços.
quem ainda não sabe se arrisca e não sabe como arriscar. mas quem se anima?
eu estou muito animada!

então hoje pode passar um x em quase tudo isso aí em cima.

música de fundo: cássia eller - (não sei o nome)