31.3.04

como era bom.
mas agora eu estou esquecendo, mesmo sem querer e eu realmente não quero, a face da vida de dantes.
a incrível beleza, prazer e gozo sentidos no simples ato de soltar pipa na cachoeira no fim de tarde. o céu meio rosado na meio-estação; nem frio nem quente.
e acho que foi assim mesmo que o tempo foi, que o tempo passou: nem frio nem quente. porém, acho que está começando a esfriar...
e não é só na estação do ano, não é só a inclinação da terra em relação ao sol, mas os dias na vida.
não sei se é uma relação poetizada ou o quê, mas acontece que as melhores coisas aconteceram e acontem ainda nos fins de tarde.
com o sol ameno, tão menos brutal que ao meio dia com o sol a pino sobre a cabeça.
aos 8 anos chegar de viagem por volta das 18h da tarde e ver o céu quase que num arco-íris, pegar a bicicleta e bandear por aí. pelas ruas verdes...
quando chovia forte, de roupa e tudo, fosse qual fosse, "entrar" debaixo do aguaceiro que caía do céu, e isso só pode ser uma coisa divina sem deus, e tomar aquele banho. quando parava a chuva, era só girar a torneira da mangueira e pronto! continuar a festa ou o show de luzes como eu chamava.
tudo tão simples, tão pequeno, tão importante, mas que me dá uma saudade grande.
enorme.
e eu nem consigo mais lembrar das feições daquele tempo que, talvez por ser tão pequeno, foi mais fácil de o tempo apagar, foi mais fácil para o tempo me tirar.
e sabe que eu ainda não me acostumei, e que talvez seja porque ainda não deu tempo de eu me acostumar.
ou estou mesmo mas é mal acostumada.
porque não ter mais uva doce e verde pra colher na parreira nos quentes entadecer dos verões passados me faz falta.
porque o medo da mão pesar sob o meu lombo ou sob o lombo de algum irmão me faz uma falta de mesma intensidade.
porque hoje, a vida sem grandes contrastes, sem grandes "acontecimentos", sem grandes desejos, faz a gente ficar meio sem vontade e além de ir esquecendo, ir esquecendo mais ainda, sentado num canto de sala, num banco qualquer sem nem ter que procurar alguma espécie de esperança pessoal para problemas particulares de costume inacostumável. adaptáveis.
a vida sem grandes desejos, faz a gente ficar sem maiores perspectivas, sem maiores quase-iniciativas, ocioso, ocioso pela sede de viver.
...

30.3.04

falta de comida da dor de barriga. definitivamente...

só falta agora soltar pipa.

27.3.04

e tinha que ver aqueles velhos ali na praça.
os três caminhando e conversando na rua da praia.
e é como eles que eu quero ser quando ficar velha (ou mais velha se esse for o caso...). como eles, e não como aquelas velhas da hidroginástica...
mas eu já me sinto um pouco velha. na verdade, sempre me senti.
portanto, nem precisava ela (irmã mais velha) me dizer que eu pareço ter trinta anos e, quando em ataques de exagero (eu acho), que eu pareço ter uns conqüenta.
mas até pode ser pensando bem...
então é que eu gosto de ser velha e me sinto velha sentada no banco da praça, sentindo o ventinho fresco bater no meu rosto e balançar meus cabelos depois de mexer as folhas das árvores.
então que eu gosto de me sentir velha perambulando pela rua da praia como os três velhinhos aqueles.
todos de cabeça branca. e ainda um ou outro meio careca.
mas eu não quero ser careca.
mas diferentemente das outras senhoras, que se enfurnam em casa com as comadres para confeitar e fofocar, eu quero mas é bater perna, jogar dama e dominó e repousar nos bancos da praça. quero sentar lá pra ler um bom livro e para ouvir músicas dos séculos passados.
viver é bom visto desse angulo.
sair de casa é bom.
sair para engraxar os sapatos ou para ir na barbearia.
sair para conversar com os outros senhores da minha idade. recordar o passado. tomar um "café" com salgadinhos ali no matheus e olhar as gurias bonitas e moças que passam na rua através de nossos olhos de peles então derrubadas pelo tempo.
mas eu serei uma vovó e não um vovô.
mas eu quero ser o vovô.
eu quero jogar dama, sentar num banquinho da praça da alfândega.
...

por enquanto, só me resta andar no balanço da pracinha da praça.
e nem precisa ela me dizer que eu pareço ter oito anos.
eu já sei.
j-á sei. ...

24.3.04

à portas fechadas.
autoritarismo barato; dona de coisa nenhuma.
dona do futuro.
dona dos maus ventos, dos maus tempos e das tormentas.
dona do presente.
e também dona da chuva fina, da brisa e do dia ensolarado.
dona da razão.
dona do problema, da doença e do remédio.
dona da solução.

... um bom livro e os pés cascudos. num belo meio de mato...
mantém a porta fechada.

quem não gosta de ficar com ninguém, e esse ficar é de todas as espécies conhecíveis. quem pensa que tem, pensa que sabe, mas que nunca é ouvido.
quem é difícil.
quem tem uma respiração difícil e facilmente perde o fôlego.
e quem tiver pena que voe e quem não tiver que se deixe levar pelo diabo. que se deixa levar...

gado chucro, cabelo desgranhado pelo tempo.
mas mantém a porta fechada.
mas me mantém essa maldita porta sempre fechada.

21.3.04

e foi ali, no meio da bebida alcólica e dos amigos, na calcada que eu me perdi, não de mim, mas deles.
foi assim que me pus a pensar naquele monte de coisas que me cercam todos os dias e em todos os meus outros pensamentos.
enquanto aquele ali cambaleava já apagado, aquele outro "cantava" qualquer coisa que não era mesmo glória, mas sim, efeito do álcool e aquela lá nem sabia mais o que estava fazendo. enquanto tudo isso eu vi, vi que o mundo não é de ferro.
pois é que o guri que muito ama foi "desvalorizado" e isso, por maioria de votos e/ou por consciencia limpa mesmo, foi considerado pecado. e nada mais justo.
e quantos ainda estão nesse mesmo caso?
olha, eu arriscaria dizer que até mesmo aqueles que se podem julgar de uma situacão mais estável estão dentro.
e por que haveriam de não estar?
o mundo não é de ferro e o mundo gira, gira, gira sem parar...
e agora vai ver que coisas que tu nem imginavas também pudessem acontecer. e aconteceram.
claro que entre um gole e outro, no meio da entorpecencia toda, mas aconteceu...
e também agora mais claramente eu vejo que sou uma pessoa completamente difícil de se dar. sou mesmo.
eu não sou amiga nem de e nem em primeira viagem. eu tenho que conhecer e ainda assim, falando pouco.
acontece que é difícil acreditar assim de imediato. e eu nem acredito que alguém me ache realmente legal.
mas tá e vai que alguém acha mesmo?
bem, daí eu tenho só que descobrir e isso se dá com o tempo.
então se eu sou fria em um primeiro momento ou distante em tantos outros é porque esse é o meu jeito, é porque eu ainda estou analisando tudo: a pessoa, o modo de falar...
também não gosto de magoar quem bem me recebe.
sem abracos calorosos, mas às vezes, quase isso.
mas tudo bem, depois que se cresce comeca também a se ver que o ciúme por mais que exista, às vezes, não faz sentido e que por isso, é melhor ir se acostumando com ele.
se acostumando com ele porque o mundo não é de ferro e gira, gira, gira...

(em teclado sem cedilha e acento circunflexo.)

17.3.04

vai e volta. intoxicada...
e de novo aquela vontade de vomitar absolutamente tudo o que se come.
mas vomita, vai! vomita e acaba logo com essa dor de "barriga". vomita logo porque ninguém liga.
ningém liga, ninguém liga. ninguém, liga...
acaba logo com isso!
vai e vomita de uma vez tudo.
vomita tudo e acaba com essa falta de interesse sem dinheiro; com esse compromisso, por assim dizer, passageiro. e passageiro entre aspas: "passageiro".
tudo que vai volta.
um dia esse problema foi, agora ele voltou. e então come, come e depois vomita, ou nem vomita na verdade, mas fica esperando vomitar; fica com o estômago atochado e com a ânsia já quase saindo da goela.
e fica assim: cara pálida, sem vontade, sem sentimentos... sem sentimentos?! isso mesmo, sem sen-ti-men-tos. e sem sentidos.
sem sentidos seria bom...
:sem paladar, sem fome, sem tristeza, sem remorso, sem medo, sem "coragem", sem ninguém, sem amor.
infelizmente não dá pra ser assim. mas dá pra ser vazio.
não dá pra ficar sem sentidos, mas em compensação, dá pra ficar com um buraco enorme no meio do corpo. um buraco sem nada. um buraco vazio. um buraco sujo, sujo sim, imundo.
mas transparente...
dá pra ver do outro lado. dá pra ver através dele o resto, o que o sobra, os outros. mas e eu? bom, aí já é outra coisa.
olha lá no vaso, mas não olha agora. espera eu conseguir. espera eu regurgitar, eu vomitar tudo. e tu vais comigo?
eu precisava acabar com tudo, mas o vazio não permite nem que eu sinta...
que eu sinta ausência, a presença e nem vontade de matar. eu não sinto. e quem não sente muito se engana se pensa estar livre. quanto menos se sente, mais preso se está. preso ao nada.
angústia, agonia.
pobre diabos... mas é isso mesmo. quem não sente que sente no grupo dos enfermos, dos ausentes.
- luciana.
- ausente professora!
e vai ficar assim mesmo com os dias bonitos, ensolarados e com nuvens que mais parecem animais esbranquiçados e desbotados a habitar o céu azul.
mas até isso... quero sim vomitar. vomitar comida, vomitar amor, vomitar flores.
vomitar vida, vomitar futuro.
vomitar passado, presente. vomitar raiva.
vomitar e acabar com a falta de interesse sem dinheiro. falta de interesse... sem dinheiro...

mas, tudo o que vai também volta...

16.3.04

já diz o ditado: "quem não arrisca, não petisca". e eu que não gosto de ditados populares...
mas às vezes é preciso reconhecer.
dizem que a esperança é a última que morre, mas na verdade não é bem assim.
morre um pouquinho ali, um pouquinho aqui.
a esperança é como e mais que o gato. tem sete vidas.
tem até muito mais...

(meu comentário em um blog e também frase de efeito no momento preciso. pra mim...)

15.3.04

uma brigalhada do inferno.
gritos, muitos gritos. infâmias. e umas comparações absurdas, ou nem tanto assim, mas enfim, comparações.
essa coisa mexeu com o ego.
e ele foi chorar no banheiro, seu mais novo cantinho-esconderijo...
ele também sente a necessidade de ficar solito uns tempos...
é que ele não aprende. com dez anos, e não consegue aprender.
e ela dá palpites. palpites furados sim senhor. palpites de quem de nada sabe, de quem quer mesmo mas é se intrometer.
e foi o que ela fez.
e foi o que machucou internamente.
e eu fiquei triste, mas eu não chorei.
segurar as lágrimas não é nada do qual se deva orgulhar. mas será mesmo que eu segurei? ou será que eu só não as tinha, mesmo estando triste?
não consigo me lembrar... só sei que ela disse: - tu parece teu pai!
e eu fiquei louca. não de raiva, não de ódio. fiquei porque ela quis. fiquei porque é assim que ela me vê. e daí eu pensei...
pensei em como eu posso gostar e/ou se eu realmente gosto. às vezes eu gosto... e essa é uma conclusão muito dolorida.
pessoas que se criaram juntas, mas calma, cada uma no seu canto, cada uma com sua boneca, cada uma com seus problemas e histórias...
mas ela acha que uma das duas não cresceu. e não é só ela.
mesmo depois de ter me trancado muitas vezes naquela biblioteca... ela não se arrependeu e ainda diz que eu é que sou ruim.
ficou a falar mal de mim lá na sala e solita.
enquanto ela falava, ele chorava no banheiro e eu, bom, eu tentava me concentrar...
mas sabe, quem foi que fez aquilo? diabo! eu não fui.
foi ele mesmo. e ela não sabia. ela não sabe de nada e ela nem deveria estar aqui.
e com que audácia veio com ares de entendida do assunto, se meter, se fazer grande. mas não se fez.
simplesmente não se fez.
" eu vou é te arrumar um médico. louca!"
e como pensa que eu fiquei? (...) ela só pensa no seu próprio penacho.

13.3.04

festinha isolada sem festa.
só música alta, cerveja e champanha. muita champanha...
entorpecência média.
problemas de relacionamento de espécie sexual. e isso é uma coisa que por mais que eu tente, não adianta. é preciso admitir.
no fim das contas tudo acaba em massa, ou pizza. mas tanto faz porque tudo é comida italiana mesmo...

11.3.04

e depois da morte vem o desespero.
dua vezes já...
a última delas foi aí há uns dois dias.
mas quanto tempo já faz?
quanto tempo, hein?
quanto tempo já faz mesmo?
...
e eu troco nomes.
e eu ainda não consigo esquecer.
algumas coisas são insubstituíveis. e isso inclui companhia, olhos grandes e pêlos, muitos pêlos em toda a extensão do corpinho.
já eram os abraços, os beijos, o choro e as mãozinhas juntinhas. mãozinhas, patinhas...
nada mais nunca mais e eu estou sentindo falta.
e não é que eu não saiba e/ou que não dê valor, é que algumas coisas são mesmo insubstituíveis.
e às vezes são tanto, que passados anos, meses e muito tempo, ainda não consigo enxergar direitinho a frente.
um passo para trás entonces.
um passo para trás...

7.3.04

uma alface murcha. uma alface em processo de osmose...
e foi um jogador.
e onde é que está o jogador agora?
bom, disso eu não sei, mas sei que quando eu ia saindo, ele estava meio sentado meio deitado no sofá, meio dormindo e meio acordado e que a televisão estava ligada e o canal era um desses de futebol.
noventa e poucos anos na cara, na carcaça...
muito velho sim senhor.
mas me lembro que de repende, os olhos se abriram e eu vi ele e talvez ele também tenha visto mais acordado do que nunca.
mas uma alface murcha apenas... agora era só uma alface murcha. uma alface murcha de olhinhos miúdos, brilhantes, tristes e de uma cor que eu não consegui identificar.
somente um parente, mas não meu, propriamente.
um homenzinho pequeno, vítima da solidão. vítima dos desdenhos das filhas, uma aqui, outra acolá, mas na verdade, muito distantes.
não é bem uma rejeição.
e a alfacezinha procura no mais jovem membro da família um pouco de carinho, um pouco de atenção pois, sabe que sem demora vai morrer. vai morrer...
mas o jovem não se mostrou assim muito interessado. preferiu se deitar na outra cama, do meu lado.
e a alface lá, solita. de novo.
o homem que veio procurar um consolo, coisa que dava para ver claramente nos olhos, acho que entristeceu mais.
"foi dormir, me deixou aqui". acho que foi isso ou quase isso que passou pela cabeça dele. bem ao certo mesmo, também não posso dizer, eu não estava dentro da mente dele. mas acho que ele gostou de me ver.
- muita felicidade!
foi o que a alface disse pra mim quando eu ia saindo. e até deu um sorriso. o velhinho não tem não amargura no coração. ou melhor, até tem, mas não demonstra.
não mostra porque não quer, não mostra porque ninguém vai querer ver. ele é um desinteresse.
não me dá pena. mas me dá raiva ver alguém assim naquele estado.
e eu também tenho um velhinho mais ou menos como aquele. bem longe de mim... e não por opção ou porque eu queira, mas sim, por uma simples distância geográfica de nascimentos.
mas ele tem quem o cuide: uma boa mulher, e ambos têm muito, muito, mas muito bons filhos mesmo.
uma família feliz.
e eu não faço parte disso. não diretamente. não me sinto mesmo parte.
e quando eu deixei o apartamento, só fiquei a pensar com meus botões a respeito do velhinho "dele".
acho que vai continuar sendo uma alface, vai continuar murchando, sofrendo osmose. vai continuar sozinho, "desinteressante" e acho que isso por causa da falta de "intereçância".
vai ficar assim na companhia de um gatinho. e se a casa cair, ainda assim vai continuar murchando, murchando...
só uma alface de olhinhos miúdos e não mais, nunca mais, um jogador. o jogador nunca mais...

5.3.04

doze anos e tudo o que crianças de doze anos podem e conseguem fazer.
na sexta-feira...

2.3.04

ele precisa de um pai, de uma mãe. ele precisa de ambos.
ele espera desesperadamente por uma ordem.
roendo as unhas...
ele só precisa que alguém diga:
"- é hora de levantar, vamos, acorda!
- vem almoçar já!
- desliga essa televisão que já tá tarde e amanhã tem que acordar cedo.
- vai estudar agora."
ele está cansado da desautorização que só oferece dinheiro.
ele quer mais que beijos e carinhos mansos. afinal de contas, não é só de afeto que se faz uma família e também não é só da maioridade estampada na cara que se constitui um homem.
uma criança ainda, como se fosse... o ar bobo, o jeito infantil e a ingenuidade atingida pela revolta que o afeta há anos.
ele foi uma criança quase impotente. quase... não chegou a mergulhar de cabeça na impotência, mas passou perto, muito perto e se debruçou diante dela, aproximou os olhos para ver como era. só por curiosidade. mas foi só por curiosidade!
mas também o passado ficou para trás e embora ele não esteja totalmente dentro da impotência, ele se perdeu...
ainda mais essa!
mas é que um homem se faz de laço, de choro, de atenção. de atenção, de bem querer da família demonstrado a partir de uma ordem qualquer.
"- meu filho, de agora em diante é pra chegar às 10!." só isso bastava.
um homem mais ou menos fraco. um homem que não consegue tomar decisões imediatas. um homem com planos e que não consegue "tocar" a vida. ou até conseguiria... conseguiria tocá-la na primeira lata de lixo.
acontece que os dedos "comidos" denunciam.
a brabeza e aquele bater com a perna constante, como gato brabo que balança o rabo, só avisam:
ali mora um guri problema.
um guri que precisa de pai e ainda mais urgentemente de mãe.
um guri grande, mas tão novo e já "órfão" da vida. e que por isso, "mastiga" os dedos e se castiga como um cão que late a pedir socorro.

1.3.04

com o passar do tempo, as coisas podem adquirir não um significado a mais, mas sim, um outro diferente.
antes eram apenas brincos...
mas agora, agora toda a vez que põe os brincos para sair é como se ela estivesse dizendo "eu não me importo".
sair por aí a caminhar e sentir o movimento das ruas, o movimento literal nas calçadas e o movimento interior próprio e dos outros.
"eu não me importo". e olha que não é fácil.
acontece que com o passar do tempo as pessoas adquirem o hábito horrível do costume, que garante mais tarde a falta, a saudade...
"eu não me importo". fugir é mais difícil do que ela imaginava...
vai se recolher para o seu cantinho, de onde nunca deveria ter saído.
vai se recolher um tempo, ainda não se sabe se curto ou longo, o que importa é o recolhimento. mas... "eu não me importo".
e como seria bom se todas as coisas fossem realmente verdade.
todos os sonhos em acordado, todas as "engenhocas" para uma alegria. "eu não me importo".
e nada mais faz sentido.
se é que algum dia já fez.
o importante, é que hoje ela saiu pra sentir o vento bater forte na cara e levar o corpo - e quem sabe também a alma, se é que ela tem alguma.
o que importa é que ao bater, bater e bater perna nas ruas sujas do centro, ela se importou.
o importante é que apesar de tudo, hoje ela enfeitou com brincos de flor as orelhas sem graça.
...